Muitos e muitos são os alunos que se inibem de dançar no “baile” (na milonga, na discoteca, num casamento, etc.) por não se sentirem ainda preparados para o fazer.
Na maioria das vezes o que os faz iniciar a aprendizagem da dança é justamente a vontade de estarem aptos para dançar num desses momentos. Mas por variadissimas razões interiorizam que necessitam de dominar muitos passos para serem bem sucedidos.
Pois eu vou colocar aqui por escrito aquilo que muitas vezes expresso nas minhas aulas.
Dançar no “baile” é fundamental para a evolução do bailarino, qualquer que seja o seu nível. Imprescindivel para a interiorização de muitos dos conceitos e elementos. Determinante para a tomada de decisões, para o ganho de autonomia. Eu atrevo-me a dizer que uma hora de dança num baile vale por dez horas de aulas. Agilizam-se os conhecimentos, fortalece-se a memória e sobretudo resolvem-se problemas.
Numa primeira fase os problemas passam muito pela memória dos movimentos aprendidos na sala de aula, e a timidez de entrar na pista. Depois a dificuldade em marcar os comandos ou em seguir o nosso par ao longo da dança. Mais tarde, surge a dificuldade com a gestão do espaço,muitas vezes parece impossivel a utilização dos movimentos das aulas na pista. Finalmente a dificuldade associada á variedade do reportório, á busca pela originalidade e surpresa.
Mas em tudo esse percurso, que por vezes é longo, temos que valorizar o aspecto lúdico, o jogo, para nos divertirmos em todo esse processo. Afinal dançar é maravilhoso, até quando “não sabemos dançar”! Não se pode perder o entusiasmo quando se sabe um pouco mais.
São também recorrentes outros problemas que se prendem com a capacidade de convidar ou de ser convidado. Já ouvi algumas observações do género, “Vou tristíssima para casa porque ninguem me convidou para dançar!”, ou “Vim só para ver!”, ou “Não vou convidar aquela pessoa porque dança muito bem!”, ou ainda “O que é que ele vai pensar de eu o convidar para dançar?”. Entendo que a maioria destas situações decorre da falta de confiança relativamente aos problemas anteriores de dominio da dança, mas outros são reflexo de um pensamento um tanto preconceituoso e antiquado.
Se têm vontade de dançar, não percam mais tempo! Convidem qualquer pessoa cuja a dança vos cative. Não importa se é principiante, avançado ou professor, o prazer de dançar tem muitos matizes, passa pelo simples prazer de se mover confortavelmente ao som de uma musica que se gosta, pelo gosto de se abraçar alguem de quem se gosta, pelo jogo de surpreender com este ou aquele movimento, por pura diversão e naturalmente pela oportunidade de exibir. Mas cá entre nós, exibição tem lugar no palco e não no baile e dá direito a cachet.
Muitas vez digo aos meus alunos principiantes: “Não se preocupe se está a dançar muito bem ou não, divirta-se, não importa o que os outros pensam. Além disso ninguem lhe pagou cachet, nem veio aqui para o ver dançar, isso é a pretenção dos artistas.
Posso explicar ás senhoras que se entristessem por ser pouco solicitadas para dançar que, os homens sofrem, numa fase inicial, de todas aquelas inseguranças que já referimos e até de uma forma mais aguda do que a generalidades das mulheres. Os que entretanto ultrapassaram essas dificuldades, são muitissimo solicitados e quando são eles a convidar normalmente fazem-no com as amigas ou colegas de turma. Por isso é boa estratégia ir com amigos e sem qualquer pudor convida-los para dançar!
Boas danças!