Técnica – a importância na nossa dança

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Este final de semana tive uma agradável oportunidade de conversar animadamente sobre Tango, na realidade sobre Dança de uma forma mais lacta, com amantes deste estilo de vida, que é dançar.

O assunto não foi inédito, a certa altura falávamos de técnica, esse chavão tantas vezes utilizado na promoção de cursos de dança como algo fundamental. E no facto de muitos desses curso apenas se resumirem à transmissão de passos, figuras e sequências.

Percebi também que alguns sentiam algum desapontamento em relação a este domínio. Não necessariamente nesta conversa, mas em muitos outros momentos, até nas minhas aulas, já ouvi referencias à técnica como algo que traz desconforto, ou que torna a dança artificial, ou inexpressiva, ou ainda como algo muito controverso que a toda a hora é contrariado dependendo do professor ou do momento (já todos experienciamos ir a uma aula e o professor defender que se deve caminhar ou rodar de uma determinada maneira e depois ter a oportunidade de estar com ou outro professor que nos diz exactamente o oposto).  

Por ser um assunto para mim de enorme importância decidi escrever a minha opinião, dado que a todo o momento procuro a técnica perfeita, aquela que me permitirá fazer algo que nunca consegui. Todos procuramos alguma coisa na nossa dança, seja o que for, musicalidade, ritmo, conforto, melhor comunicação com o par, amplitude, projecção, equilíbrio, elegância, expressividade, etc. Só temos que aprender ou desenvolver a técnica para alcançarmos o que procuramos.

Vou começar simplesmente pela definição do dicionário. Técnica é o procedimento ou o conjunto de procedimentos que têm como objectivo obter um determinado resultado, seja no campo da Ciência, da Tecnologia, das Artes ou em outra actividade.

Estes procedimentos não excluem a criatividade ou a improvisação como factor importante da técnica. A técnica não é privativa do homem, pois também se manifesta na actividade de todo ser vivo e responde a uma necessidade de sobrevivência. No animal, a técnica é característica de cada espécie. No ser humano, a técnica surge de sua relação com o meio e caracteriza-se por ser consciente, reflexiva, inventiva e fundamentalmente individual. O indivíduo aprende-a e fa-la progredir. Só os humanos são capazes de construir, com a imaginação, algo que logo podem concretizar na realidade. A técnica também pode ser passada de geração para geração.

A palavra tem a sua origem no grego techné cuja tradução é arte. A técnica, portanto, confundia-se com a arte, tendo sido separada desta ao longo dos tempos.

Técnica é também a parte material de uma arte, o conjunto dos processos de uma arte, a prática.

Técnica é o conjunto de processos baseados em conhecimentos científicos, e não empíricos, utilizados para obter certo resultado, o conjunto dos processos de uma arte, de um ofício ou de uma ciência.

Eu não resiste á definição desportiva que tantas vezes ouvi na faculdade, a técnica é o meio mais eficaz para atingir a performance desejada com o menor dispêndio de energia. E reforço a palavra meio, pois a técnica não é o fim apenas o meio para atingir a arte.  

A técnica não deve ser usada para ser vista, tipo, estou a esticar as pernas e agora dou uma volta com ponto de foco. A técnica só é técnica quando de forma invisível torna possível tudo o que queremos fazer.

Naturalmente que nem tudo o que o nosso professor nos transmite é confortável quando executado pela primeira vez e nem sempre o que é adequado para um funciona com outro. Não há uma só verdade! E o que é verdade hoje pode ser mentira amanhã! Isso é evolução!

Mas nós escolhemos os professores, certamente porque nos revemos no seu estilo ou conceitos, devemos por isso confiar neles e respeitar a sua opinião. Depois como bailarinos devemos usar o que funciona connosco e quem sabe desenvolver a nossa técnica.

Nos nossos cursos de Tango muitos alunos procuram o novo e o diferente, mas na realidade o que lhes transmitimos é a nossa técnica, aquela que funciona para nós, aquela que é adequada ao vocabulário que utilizamos e ao estilo que temos.

Os conteúdos são escolhidos em função das características do grupo e desenvolvidos através da transmissão de movimentos que normalmente culminam em figuras. Mas as figuras não são as protagonistas, mas sim a análise do movimento passo a passo ou da música. Esta escolha prendesse com o facto de os alunos estarem em níveis diferentes de consciência e por isso necessitarem por vezes de coisas concretas para trabalhar. Ancoras para a experiência de novas sensações ou consciências.

O mágico em tudo isto, é que este processo não tem fim. Pode-se fazer sempre melhor!

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